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Mostrando postagens de maio, 2017

Baader-Meinhof Blues

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A violência é tão fascinante E nossas vidas são tão normais E você passa dia e noite e sempre Vê apartamentos acesos Tudo parece ser tão real Mas você viu esse filme também Andando nas ruas pensei que podia ouvir Alguém me chamando, dizendo meu nome Já estou cheio de me sentir vazio Meu corpo é quente e estou sentindo frio Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber Afinal, amar ao proximo é tão demodê Essa justiça desafinada é tão humana e tão errada Nós assistimos televisão também, qual é a diferença? Não estatize meus sentimentos pra seu governo O meu estado é independente Ô ô ô Já estou cheio de me sentir vazio Meu corpo é quente e estou sentindo frio Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber Afinal, amar ao proximo é tão demodê

A Canção do Senhor da Guerra

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Existe alguém esperando por você Que vai comprar a sua juventude E convencê-lo a vencer Mais uma guerra sem razão Já são tantas as crianças com armas na mão Mas explicam novamente que a guerra gera empregos Aumenta a produção Uma guerra sempre avança a tecnologia Mesmo sendo guerra santa Quente, morna ou fria Pra que exportar comida? Se as armas dão mais lucros na exportação Existe alguém que está contando com você Pra lutar em seu lugar já que nessa guerra Não é ele quem vai morrer E quando longe de casa Ferido e com frio o inimigo você espera Ele estará com outros velhos Inventando novos jogos de guerra Que belíssimas cenas de destruição Não teremos mais problemas Com a superpopulação Veja que uniforme lindo fizemos pra você E lembre-se sempre que Deus está Do lado de quem vai vencer Existe alguém que está contando com você Pra lutar em seu lugar já que nessa guerra Não é ele quem vai morrer E quando longe de casa Ferido e com frio o inimigo você espera Ele estará com outros velho

Dezesseis

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João Roberto era o maioral O nosso Johnny era um cara legal Ele tinha um Opala metálico azul Era o rei dos pegas na Asa Sul E em todo lugar Quando ele pegava no violão Conquistava as meninas E quem mais quisesse ver Sabia tudo da Janis Do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling Stones Mas de uns tempos prá cá Meio sem querer Alguma coisa aconteceu Johnny andava meio quieto demais Só que quase ninguém percebeu Johnny estava com um sorriso estranho Quando marcou um super pega no fim de semana Não vai ser no Caseb Nem no Lago Norte, nem na Unb As máquinas prontas Um ronco de motor A cidade inteira se movimentou E Johnny disse: "- Eu vou prá curva do Diabo em Sobradinho e vocês ?" E os motores sairam ligados a mil Pra estrada da morte o maior pega que existiu Só deu para ouvir foi aquela explosão E os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão No dia seguinte, falou o diretor: "- O aluno João Roberto não está mais entre nós Ele só tinha dezesseis, Que isso sirva de aviso p

Clarisse

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Estou cansado de ser Vilipendiado, incompreendido e descartado Quem diz que me entende nunca quis saber Aquele menino foi internado numa clínica Dizem que por falta de atenção dos amigos Das lembranças, dos sonhos Que se configuram tristes e inertes Como uma ampulheta imóvel Não se mexe, não se move, não trabalha E Clarisse está trancada no banheiro E faz marcas no seu corpo Com o seu pequeno canivete Deitada no canto, seus tornozelos sangram E a dor é menor do que parece Quando ela se corta, ela se esquece Que é impossível ter da vida calma e força Viver em dor, o que ninguém entende Tentar ser forte a todo e cada amanhecer Uma de suas amigas já se foi Quando mais uma ocorrência policial Ninguém me entende, não me olhe assim Com este semblante de bom samaritano Cumprindo o seu dever como se eu fosse doente Como se toda essa dor Fosse diferente, ou inexistente Nada existe pra mim, não tente Você não sabe e não entende E quando os antidepressivos E os calmantes não fazem mais efeito

Por Enquanto

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Mudaram as estações Nada mudou Mas eu sei que alguma coisa aconteceu Está tudo assim tão diferente Se lembra quando a gente Chegou um dia a acreditar Que tudo era pra sempre Sem saber que o "pra sempre" sempre acaba Mas nada vai conseguir mudar o que ficou Quando penso em alguém Só penso em você E aí então estamos bem Mesmo com tantos motivos Pra deixar tudo como está E nem desistir, nem tentar, agora tanto faz Estamos indo de volta pra casa

A Via Láctea

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Quando tudo está perdido Sempre existe um caminho Quando tudo está perdido Sempre existe uma luz Mas não me diga isso Hoje a tristeza não é passageira Hoje fiquei com febre a tarde inteira E quando chegar a noite Cada estrela parecerá uma lágrima Queria ser como os outros E rir das desgraças da vida Ou fingir estar sempre bem Ver a leveza das coisas com humor Mas não me diga isso É só hoje e isso passa Só me deixe aqui quieto Isso passa Amanhã é um outro dia Não é? Eu nem sei por que me sinto assim Vem de repente um anjo triste perto de mim E essa febre que não passa E meu sorriso sem graça Não me dê atenção Mas obrigado por pensar em mim Quando tudo está perdido Sempre existe uma luz Quando tudo está perdido Sempre existe um caminho Quando tudo está perdido Eu me sinto tão sozinho Quando tudo está perdido Não quero mais ser quem eu sou Mas não me diga isso Não me dê atenção E obrigado por pensar em mim

Geração Coca-Cola

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Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês Nos empurraram com os enlatados dos Usa, de 9 às 6 Desde pequenos nós comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Depois de vinte anos na escola Não é difícil aprender Todas as manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser? Vamos fazer nosso dever de casa E aí então, vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Fazer comédia no cinema com as suas leis Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Depois de vinte anos na escola Não é difícil aprender Todas as manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser? Vamos fazer nosso dever de casa E aí então, vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Fazer

Giz

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E mesmo sem te ver Acho até que estou indo bem Só apareço por assim dizer Quando convém aparecer Ou quando quero Quando quero Desenho toda a calçada Acaba o giz, tem tijolo de construção Eu rabisco o sol que a chuva apagou Quero que saibas que me lembro Queria até que pudesses me ver És, parte ainda do que me faz forte Pra ser honesto só um pouquinho infeliz Mas tudo bem, tudo bem... Lá vem, lá vem, lá vem de novo Acho que estou gostando de alguém E é de ti que não esquecerei Tudo bem, tudo bem... Eu rabisco o sol que a chuva apagou Acho que estou gostando de alguém

Metal Contra As Nuvens

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Não sou escravo de ninguém Ninguém, senhor do meu domínio! Sei o que devo defender E por valor eu tenho E temo o que agora se desfaz Viajamos sete léguas Por entre abismos e florestas Por Deus nunca me vi tão só É a própria fé o que destrói Estes são dias desleais Eu sou metal Raio, relâmpago e trovão Eu sou metal Eu sou o ouro em seu brasão Eu sou metal Quem sabe o sopro do dragão Reconheço meu pesar Quando tudo é traição O que venho encontrar É a virtude em outras mãos. Minha terra é a terra que é minha E sempre será Minha terra Tem a lua, tem estrelas E sempre terá Quase acreditei na tua promessa E o que vejo é fome e destruição Perdi a minha sela e a minha espada Perdi o meu castelo e minha princesa Quase acreditei, quase acreditei E, por honra, se existir verdade Existem os tolos e existe o ladrão E há quem se alimente do que é roubo. Mas vou guardar o meu tesouro Caso você esteja mentindo. Olha o sopro do dragão (4x) É a verdade o que assombra O descaso que condena A estupidez

Quando O Sol Bater Na Janela do Teu Quarto

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Quando o sol bater Na janela do teu quarto Lembra e vê Que o caminho é um só. Por que esperar se podemos começar tudo de novo Agora mesmo A humanidade é desumana Mas ainda temos chance O sol nasce pra todos Só não sabe quem não quer. Quando o sol bater Na janela do teu quarto Lembra e vê Que o caminho é um só. Até bem pouco tempo atrás Poderíamos mudar o mundo Quem roubou nossa coragem? Tudo é dor E toda dor vem do desejo De não sentirmos dor. Quando o sol bater Na janela do teu quarto Lembra e vê Que o caminho é um só.

Hoje a Noite Não Tem Luar

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Ela passou do meu lado "Oi, amor" - eu lhe falei - "Você está tão sozinha" Ela então sorriu pra mim Foi assim que a conheci Naquele dia junto ao mar As ondas vinham beijar a praia O sol brilhava de tanta emoção Um rosto lindo como o verão E um beijo aconteceu Nos encontramos à noite Passeamos por aí E num lugar escondido Outro beijo lhe pedi Lua de prata no céu O brilho das estrelas no chão Tenho certeza que não sonhava A noite linda continuava E a voz tão doce que me falava: "O mundo pertence a nós" E hoje a noite não tem luar E eu estou sem ela Já não sei onde procurar Não sei onde ela está Hoje a noite não tem luar E eu estou sem ela Já não sei onde procurar Onde está meu amor?

Perfeição

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Vamos celebrar a estupidez humana A estupidez de todas as nações O meu país e sua corja de assassinos Covardes, estupradores e ladrões Vamos celebrar a estupidez do povo Nossa polícia e televisão Vamos celebrar nosso governo E nosso Estado, que não é nação Celebrar a juventude sem escola As crianças mortas Celebrar nossa desunião Vamos celebrar Eros e Thanatos Persephone e Hades Vamos celebrar nossa tristeza Vamos celebrar nossa vaidade. Vamos comemorar como idiotas A cada fevereiro e feriado Todos os mortos nas estradas Os mortos por falta de hospitais Vamos celebrar nossa justiça A ganância e a difamação Vamos celebrar os preconceitos O voto dos analfabetos Comemorar a água podre E todos os impostos Queimadas, mentiras e sequestros Nosso castelo de cartas marcadas O trabalho escravo Nosso pequeno universo Toda hipocrisia e toda afetação Todo roubo e toda a indiferença Vamos celebrar epidemias: É a festa da torcida campeã. Vamos celebrar a fome Não ter a quem ouvir Não se ter a que

Ainda É Cedo

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Uma menina me ensinou Quase tudo que eu sei Era quase escravidão Mas ela me tratava como um rei Ela fazia muitos planos Eu só queria estar ali Sempre ao lado dela Eu não tinha aonde ir Mas egoísta que eu sou Me esqueci de ajudar A ela como ela me ajudou E não quis me separar Ela também estava perdida E por isso se agarrava a mim também E eu me agarrava a ela Porque eu não tinha mais ninguém E eu dizia: "Ainda é cedo Cedo, cedo, cedo, cedo" E eu dizia: "Ainda é cedo Cedo, cedo, cedo, cedo" Sei que ela terminou O que eu não comecei E o que ela descobriu Eu aprendi também, eu sei Ela falou: "Você tem medo" Aí eu disse: "Quem tem medo é você" Falamos o que não devia Nunca ser dito por ninguém Ela me disse "Eu não sei Mais o que eu sinto por você Vamos dar um tempo Um dia a gente se vê" E eu dizia: "Ainda é cedo Cedo, cedo, cedo, cedo" E eu dizia: "Ainda é cedo Cedo, cedo, cedo, cedo"

Há Tempos

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Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade Muitos temores nascem do cansaço e da solidão Descompasso e desperdício Herdeiros são agora da virtude que perdemos Há tempos tive um sonho Não me lembro, não me lembro Tua tristeza é tão exata E hoje o dia é tão bonito Já estamos acostumados A não termos mais nem isso Os sonhos vêm e os sonhos vão O resto é imperfeito Disseste que se tua voz tivesse força igual À imensa dor que sentes Teu grito acordaria não só a tua casa Mas a vizinhança inteira E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade Há tempos são os jovens que adoecem Há tempos o encanto está ausente E há ferrugem nos sorrisos E só o acaso estende os braços A quem procura abrigo e proteção Meu amor, disciplina é liberdade Compaixão é fortaleza Ter bondade é ter coragem Lá em casa tem um poço Mas a água é muito limpa

Que País é Esse?

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Nas favelas, no Senado Sujeira pra todo lado Ninguém respeita a Constituição Mas todos acreditam no futuro da nação Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? No Amazonas, no Araguaia Na Baixada Fluminense Mato Grosso, Minas Gerais E no Nordeste tudo em paz Na morte eu descanso Mas o sangue anda solto Manchando os papéis, documentos fiéis Ao descanso do patrão Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? Terceiro Mundo se for piada no exterior Mas o Brasil vai ficar rico Vamos faturar um milhão Quando vendermos todas as almas Dos nossos índios num leilão Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse? Que país é esse?

Vento No Litoral

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De tarde quero descansar Chegar até a praia e ver Se o vento ainda está forte Vai ser bom subir nas pedras Sei que faço isso pra esquecer Eu deixo a onda me acertar E o vento vai levando tudo embora Agora está tão longe Ver a linha do horizonte me distrai Dos nossos planos é que tenho mais saudade Quando olhávamos juntos na mesma direção Aonde está você agora Além de aqui dentro de mim? Agimos certo sem querer Foi só o tempo que errou Vai ser difícil eu sem você Porque você está comigo o tempo todo E quando eu vejo o mar Existe algo que diz que a vida continua E se entregar é uma bobagem Já que você não está aqui O que posso fazer é cuidar de mim Quero ser feliz ao menos Lembra que o plano era ficarmos bem? Olha só o que eu achei Cavalos-marinhos Sei que faço isso pra esquecer Eu deixo a onda me acertar E o vento vai levando tudo embora

Será

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Tire suas mãos de mim Eu não pertenço a você Não é me dominando assim Que você vai me entender Eu posso estar sozinho Mas eu sei muito bem aonde estou Você pode até duvidar Acho que isso não é amor Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? Nos perderemos entre monstros Da nossa própria criação? Serão noites inteiras Talvez por medo da escuridão Ficaremos acordados Imaginando alguma solução Pra que esse nosso egoísmo Não destrua nosso coração? Será só imaginação? Será que nada vai acontecer? Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer? Brigar pra quê, se é sem querer Quem é que vai nos proteger? Será que vamos ter que responder Pelos erros a mais, eu e você?

Quase Sem Querer

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Tenho andado distraído Impaciente e indeciso E ainda estou confuso Só que agora é diferente Estou tão tranquilo e tão contente Quantas chances desperdicei Quando o que eu mais queria Era provar pra todo o mundo Que eu não precisava provar nada pra ninguém Me fiz em mil pedaços Pra você juntar E queria sempre achar Explicação pro que eu sentia Como um anjo caído Fiz questão de esquecer Que mentir pra si mesmo É sempre a pior mentira Mas não sou mais tão criança A ponto de saber tudo Já não me preocupo se eu não sei por quê Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê E eu sei que você sabe quase sem querer Que eu vejo o mesmo que você Tão correto e tão bonito O infinito é realmente Um dos deuses mais lindos Sei que às vezes uso Palavras repetidas Mas quais são as palavras Que nunca são ditas? Me disseram que você Estava chorando E foi então que percebi Como lhe quero tanto Já não me preocupo se eu não sei porquê Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê E eu sei que você sabe quase sem quere

Mais Uma Vez

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Mas é claro que o sol vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã Espera que o sol já vem Tem gente que está do mesmo lado que você Mas deveria estar do lado de lá Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar Tem gente enganando a gente Veja a nossa vida como está Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança Mas é claro que o sol vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã Espera que o sol já vem Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena Acreditar no sonho que se tem Ou que seus planos nunca vão dar certo Ou que você nunca vai ser alguém Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança... Quem acredita sempre alcança... Quem acredita sempre alcança... Quem acredita sempre alc

Monte Castelo

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Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece O amor é o fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer Ainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria É um não querer mais que bem querer É solitário andar por entre a gente É um não contentar-se de contente É cuidar que se ganha em se perder É um estar-se preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É um ter com quem nos mata a lealdade Tão contrario a si é o mesmo amor Estou acordado e todos dormem Todos dormem, todos dormem Agora vejo em parte Mas então veremos face a face É só o amor, é só o amor Que conhece o que é verdade Aainda que eu falasse a língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor, eu nada seria

Índios

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Quem me dera ao menos uma vez Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem Conseguiu me convencer que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha Quem me dera ao menos uma vez Esquecer que acreditei que era por brincadeira Que se cortava sempre um pano-de-chão De linho nobre e pura seda Quem me dera ao menos uma vez Explicar o que ninguém consegue entender: O que aconteceu ainda está por vir E o futuro não é mais como era antigamente Quem me dera ao menos uma vez Provar que quem tem mais do que precisa ter Quase sempre se convence que não tem o bastante E fala demais por não ter nada a dizer Quem me dera ao menos uma vez Que o mais simples fosse visto como o mais importante Mas nos deram espelhos E vimos um mundo doente Quem me dera ao menos uma vez Entender como um só deus ao mesmo tempo é três E esse mesmo deus foi morto por vocês É só maldade então, deixar um deus tão triste Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda Assim pude trazer você de volta

Eduardo E Mônica

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Quem um dia irá dizer que existe razão Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer Que não existe razão? Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar Ficou deitado e viu que horas eram Enquanto Mônica tomava um conhaque No outro canto da cidade Como eles disseram Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse - Tem uma festa legal e a gente quer se divertir Festa estranha, com gente esquisita - Eu não estou legal, não aguento mais birita E a Mônica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa - É quase duas, eu vou me ferrar Eduardo e Mônica trocaram telefone Depois telefonaram e decidiram se encontrar O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Mônica queria ver o filme do Godard Se encontraram então no parque da cidade A Mônica de moto e o Eduardo de camelo O Eduardo achou estranho e melhor não

Pais e Filhos

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Estátuas e cofres E paredes pintadas Ninguém sabe o que aconteceu Ela se jogou da janela do quinto andar Nada é fácil de entender Dorme agora É só o vento lá fora Quero colo Vou fugir de casa Posso dormir aqui Com vocês? Estou com medo tive um pesadelo Só vou voltar depois das três Meu filho vai ter Nome de santo Quero o nome mais bonito É preciso amar as pessoas Como se não houvesse amanhã Porque se você parar pra pensar Na verdade não há Me diz por que é que o céu é azul Me explica a grande fúria do mundo São meus filhos que tomam conta de mim Eu moro com a minha mãe Mas meu pai vem me visitar Eu moro na rua, não tenho ninguém Eu moro em qualquer lugar Já morei em tanta casa que nem me lembro mais Eu moro com meus pais É preciso amar as pessoas Como se não houvesse amanhã Porque se você parar pra pensar Na verdade não há Sou uma gota d'água Sou um grão de areia Você me diz que seus pais não entendem Mas você não entende seus pais Você culpa seus pais por tudo Isso é ab

Tempo Perdido Legião Urbana

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Todos os dias quando acordo Não tenho mais o tempo que passou Mas tenho muito tempo Temos todo o tempo do mundo Todos os dias antes de dormir Lembro e esqueço como foi o dia Sempre em frente Não temos tempo a perder Nosso suor sagrado É bem mais belo que esse sangue amargo E tão sério e selvagem Selvagem, selvagem Veja o sol dessa manhã tão cinza A tempestade que chega é da cor dos teus olhos Castanhos Então me abraça forte Me diz mais uma vez que já estamos Distantes de tudo Temos nosso próprio tempo Temos nosso próprio tempo Temos nosso próprio tempo Não tenho medo do escuro Mas deixe as luzes acesas agora O que foi escondido é o que se escondeu E o que foi prometido, ninguém prometeu Nem foi tempo perdido Somos tão jovens Tão jovens, tão jovens

Faroeste Caboclo

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Não tinha medo o tal João de Santo Cristo Era o que todos diziam quando ele se perdeu Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu Quando criança só pensava em ser bandido Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu Era o terror da cercania onde morava E na escola até o professor com ele aprendeu Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar Sentia mesmo que era mesmo diferente Sentia que aquilo ali não era o seu lugar Ele queria sair para ver o mar E as coisas que ele via na televisão Juntou dinheiro para poder viajar De escolha própria, escolheu a solidão Comia todas as menininhas da cidade De tanto brincar de médico aos doze era professor Aos quinze foi mandado pro reformatório Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror Não entendia como a vida funcionava Descriminação por causa da sua classe e sua cor Ficou cansado de tentar achar resposta E comprou uma passagem foi direto a S